Pindamonhangaba convida pais de alunos a
conhecer o Programa Aprendizagem Sistêmica
A Secretaria de
Educação
de Pindamonhangaba vai promover na próxima terça-feira, 29 de maio, um
dia de
sensibilização sobre o Programa Aprendizagem Sistêmica para todos os
pais dos
alunos da REMEFI Dr. Ângelo Paz da Silva. Por meio de atividades
práticas e dinâmicas, os pais dos estudantes poderão conhecer um pouco
mais
sobre como funciona a metodologia inovadora do Programa, que foi
implantado na
escola no início do ano e já beneficia mais de 300 alunos desta unidade
escolar.
Os pais dos alunos realizaram algumas estruturas da Aprendizagem Sistêmica e puderam vivenciar o que os seus filhos aprendem na escola.
A Necessidade de se trabalhar as Habilidades Sociais na escola!
Metodologia Inovadora de Ensino é o
caminho buscado pelas entidades de ensino.
Por Rafaella Souza
O ser humano demanda muitas
necessidades: físicas, psicológicas, cognitivas, sociais, de valorização e
estima. A escola, sendo a maior base de aprendizagem científica, cumpre muitas
vezes a função de suprir tais obrigações e com isso, o de ensinar os diferentes
papéis sociais para seu público.
Por outro lado, com a violência que
atualmente vivencia-se, a mudança na cultura e nos valores da sociedade, os
meios de comunicação como uma influência de posturas anti-sociais, assim como o
estresse diário, a grande dificuldade em solucionar problemas emocionais faz
com que desenvolver habilidades socioemocionais torne-se indispensável.
A Aprendizagem Sistêmica, nesse
sentido, exerce papel fundamental, o de atender os alunos que não estão devidamente
desenvolvidos socialmente e proporcionar que isso faça parte das atividades na escola
de maneira sistematizada.
A
sociedade espera do sujeito, ainda que criança, que ela aprenda a comportar-se
de acordo com o que a cultura valoriza, segundo seu gênero e idade, e mais, que
adote posições diferenciadas a cada ambiente, sendo filho, aluno, colega,
irmão, etc.
Essas habilidades são adquiridas no decorrer da vida; ser
social faz parte de nossa condição, não vivemos e nem sobrevivemos sozinhos.
Fazem parte do desenvolvimento humano, e como o processo de aprendizagem, são
primeiramente vivenciadas no círculo social familiar.
O que os pais modelam, os filhos reproduzem e aprendem. Isso
ocorre também no ambiente escolar; os professores são os responsáveis, os que
cuidam, os que ensinam e transmitem valores e assim são exemplos para seus
alunos. O desenvolvimento das habilidades socioemocionais influenciam em como
os educadores se relacionam com seus alunos, e como se dá o estímulo de
relacionamento entre os alunos.
A escola oferece regras, e estas
precisam ser levadas em consideração ao desenvolver e cobrar as habilidades dos
alunos, pais, comunidade e de até mesmo de seus funcionários; sendo estes os
protagonistas que precisam estar em ritmo integrado.
Nesta perspectiva a
Aprendizagem Sistêmica auxilia os educadores formando-os numa metodologia cooperativa
que contribui muito na abordagem e na estruturação de suas aulas, e se as
habilidades sociais forem bem desenvolvidas por meio da sistematização de
atividades periódica, através dessa ferramenta inovadora, elas influenciarão no
comportamento de outros, inclusive da família e da comunidade escolar como um
todo.
Rafaella Elis Santos Souza: Graduada em Psicologia pelo Centro
Universitário Salesiano de São Paulo – Unisal e cursando Pós-Graduação em
Psicopedagogia pela Universidade Católica Dom Bosco – UCDB. Atua como Mediadora
do Programa Educacional Aprendizagem Sistêmica na empresa Planeta Educação.
O que
podemos chamar de currículo novo? Ou melhor, o que é esse currículo novo?
Quando tratamos a Aprendizagem Sistêmica, ressaltamos a necessidade do
treinamento efetivo das habilidades sociais como exigência para o século XXI e
observamos essas habilidades dentro de um “currículo novo” a ser trabalhando
nas escolas.
Mas este
currículo não é tão novo assim. Os estudiosos o entendem como “currículo
oculto” e descrito desta maneira: “envolve, dominantemente, atitudes e valores
transmitidos, subliminarmente, pelas relações sociais e pelas rotinas do cotidiano
escolar” (MOREIRA, 2007).
Assim, ele
faz parte dos processos naturais que ocorrem na sala de aula e se desencadeiam
de forma mais ou menos implícita. Fazem parte deste currículo: rituais e
práticas, relações hierárquicas, modos de distribuir os alunos por agrupamentos
e turmas, regras e procedimentos, modos de organizar o espaço e o tempo na
escola.
O
currículo novo, portanto, é uma parte do ensino e aprendizagem que não é
oficialmente reconhecida pelo corpo docente da escola, nem mesmo pelo corpo
discente, mas que tem um impacto bastante significativo, já que geralmente é
determinado por valores, atitudes e condutas apropriadas.
Podemos
observar nas unidades escolares que o conteúdo que trabalhamos é o mesmo de décadas atrás e as novas tecnologias inseridas
nas escolas não apresentam a evolução na metodologia.
Nossos
alunos não chegam à sala de aula como páginas em branco; trazem consigo um
prévio conhecimento de mundo. Este prévio conhecimento faz parte de uma base
para o trabalho com o currículo novo.
Não
podemos entender que os alunos irão reagir ao currículo oculto de forma
idêntica a ser observada em todos. Os indivíduos são distintos e particulares,
com características próprias inerentes ao ser e ao meio que convivem. Sendo
assim, a nova escola deve reestruturar o currículo de forma que possa atender o
conteúdo acadêmico associado ao conteúdo de habilidades sociais necessárias ao
desenvolvimento do aluno do século XXI. Não formamos alunos para serem
eternamente alunos, mas formamos cidadãos, profissionais do futuro para
exercerem funções diversas.
Vygotsky,
relativo à Zona de Desenvolvimento Proximal, diz que “aquilo que a criança é
capaz de fazer com a ajuda de alguém hoje, ela conseguirá fazer sozinha amanhã”
e, norteando-nos por sua fala, podemos entender que não somente os conteúdos
acadêmicos desenvolvidos nas salas de aula são inerentes de prática subjetiva
futura, mas também as habilidades sociais e práticas de convívio trabalhadas no
currículo novo.
Ao tratar
do currículo oculto, Bautista-Vallejo. (S.D.E.) ressalta essa sua
característica essencial de estar implícito em nossas ações, observando que no
interior da sala de aula ocorrem coisas que dificilmente poderiam ser descritas
e que têm uma leitura complexa. Além disso, também acontecem outras que,
inclusive, escapam de nossas mãos, ouvidos, olhos, estratégias, etc. Assim, o
que muitas vezes, se torna evidente, e a duras penas, é que há uma série de
processos complexos que se iniciam na sala de aula e que determinam ou
determinarão condutas posteriores, perspectivas finais e pontos de vista ou
pautas de ação no ser educado.
Muitos
desses processos se desencadeiam na rua, na família, na turma de colegas, na própria
classe, através do professor e seriam de difícil leitura; poderíamos dizer
ainda que, imersos em uma naturalidade e espontaneidade, apresentam-se para
condicionar as condutas e as dinâmicas de uma forma subjacente.
SILVA
(2006) aponta que: “um aspecto fundamental quando se fala em organização do
currículo escolar é a forma como se avalia as aprendizagens que os alunos
efetivam durante seu desenvolvimento.” Com isso, estamos querendo dizer que
currículo e avaliação da aprendizagem escolar, são faces indissociáveis de uma
mesma moeda e que, portanto, ocorrem simultaneamente.
O conceito
de que a avaliação da aprendizagem dos alunos seja um processo distinto do
desenvolvimento curricular tem sua origem com a pedagogia tradicional e ainda
se faz presente em uma grande parte das unidades escolares, apesar de um
questionamento constante. Quando este conceito prevalece, a avaliação da
aprendizagem acontece com a aplicação de instrumentos tradicionais como
questionários, provas, trabalhos escritos em geral, em períodos regulares
(final de cada mês, ou bimestre ou semestre). Além disso, tem também o objetivo
de verificar a quantidade de informações que os alunos assimilaram naquele
período e classificá-los em notas ou conceitos tratados como se fossem notas.
Quando a concepção vai além da classificação, preocupando-se com o processo de
aprendizagem ao longo do desenvolvimento curricular e ocorrendo por meio de um
acompanhamento do aluno com o objetivo de reorientá-lo a cada dificuldade
encontrada, situa-se na perspectiva formativa.
Os dois
meios de avaliação são necessários quando pensamos na indissociabilidade currículo-avaliação.
A primeira para identificarmos problemas do currículo, fornecendo pontos para a
melhoria do planejamento docente e escolar. A segunda, porque possibilita uma
intervenção imediata no processo de aprendizagem, permitindo que o currículo em
desenvolvimento se reconstrua ainda durante o processo e comprovando, assim,
sua natureza dinâmica e permanente no atendimento das necessidades dos alunos.
E é esta
segunda forma de avaliação que na Aprendizagem Sistêmica se utiliza das
estruturas – atividade realizada em sala de aula em duplas ou grupos de alunos,
como fonte de enriquecimento. Como sabemos, as estruturas trazem consigo o
trabalho e exercício efetivo das habilidades sociais, facilitando e muito o
trabalho do conteúdo acadêmico sem interromper o seu desenvolvimento para se
trabalhar as habilidades.
Estruturas
como a Troca Cronometrada trabalham o conteúdo acadêmico com o compartilhamento
de informações entre duplas de alunos ao mesmo tempo em que as habilidades
sociais são trabalhadas. Podemos elencar no exemplo da estrutura Troca
Cronometrada as seguintes habilidades sociais trabalhadas: aceitar
parabenização, saber ouvir o colega, honestidade, compreensão checada,
contribuição de ideias, o discordar apropriadamente bem como o encorajamento de
contribuições. Os alunos nesta estrutura também trabalham a paciência, o
silêncio, a tolerância, o trabalho em equipe, a inversão de papéis, o respeito às
diferenças, o compartilhamento e a responsabilidade.
“A
juventude de hoje geralmente vem para a sala de aula mal preparada par ser um
bom colega de equipe. A Aprendizagem Sistêmica nos motiva a desenvolver
habilidades sociais que servem para a sala de aula e além.” KAGAN & KAGAN.
Bibliografia
KAGAN, Spencer & KAGAN, Miguel. Kagan
Cooperative Learning. San Clemente – CA, Kagan Publishing.
SILVA, Maria Beatriz Gomes da. Organização curricular da escola e avaliação da aprendizagem.
2006. Disponível em: http://www.pead.faced.ufrgs.br/sites/publico/eixo5/organizacao_escola/modulo2/texto_base.pdf,
acesso em 12/04/2012.
APRENDIZAGEM SISTÊMICA: UMA ATITUDE E UMA
ORIENTAÇÃO VOLTADA PARA OS ALUNOS
Se não há movimento, não há
construção.
Refletir sobre a ação, eis o ponto
crucial para todo ser humano. O processo de mudança é contínuo, uma vez que, ao olhar para a própria prática,
descobrem-se novas possibilidades, não imaginadas anteriormente.
E é exatamente sobre esse assunto que
quero comentar.
Os alunos querem praticar o “falar”.
Pensando numa aula tradicional, esta exige que o aluno seja passivo e isolado.
Os alunos são obrigados a se sentarem de forma imóvel e a ficarem quietos. Nas
aulas tradicionais se gasta uma grande parte da energia para mantê-los quietos,
nos seus lugares e sem “incomodar o vizinho”.
Em contrapartida, a aula com a
Aprendizagem Sistêmica é mais aliada às necessidades dos alunos. É baseada no
pressuposto de que o aprendizado acontece através da ação e da interação.
O gerenciamento da aula tradicional é
uma extensão da norma da não interação. Os alunos se sentam em fileiras de
frente para o professor e não de frente para outros alunos.
Na aula da Aprendizagem Sistêmica os
alunos se sentam em grupos e a interação é estimulada, então o gerenciamento da
classe envolve outras habilidades.
Quando permitimos que os alunos se
mexam e conversem, vamos a favor, ao invés de contra, de suas necessidades
básicas, então liberamos uma grande quantidade de energia.
O gerenciamento de uma classe que usa
a Aprendizagem Sistêmica é o controle, que canaliza a energia em um aprendizado
positivo. Tal gerenciamento é mais democrático, ao mesmo tempo que os alunos recebem mais liberdade,
eles assumem mais responsabilidades. Eles ficam responsáveis por responder às
perguntas feitas pelos colegas, coletar o material do grupo, gerar expectativas
na classe, cuidar do seu próprio tom de voz, se comunicar com o professor por
sinais e se manter focado na tarefa.
Nesse sentido, os alunos não são
passivos e controlados pelas ordens do professor; eles praticam um papel ativo
no aprendizado e também no gerenciamento de seu próprio comportamento.
Expectativas da sala da Aprendizagem
Sistêmica: como membro importante da minha sala e da minha equipe, eu irei...
1.Pedir
e oferecer ajuda,
2.Ouvir
atentamente e elogiar meus colegas,
3.Compartilhar
minhas ideias e trabalhos,
4.Me
empenhar ao máximo,
5.Ser
um bom seguidor e um bom líder.
Não podemos esquecer que, quando
permitimos que os alunos interajam, liberamos uma grande quantidade de energia,
e esta energia deve ser cuidadosamente controlada e direcionada a favor do
aprendizado.
Por isso que a Aprendizagem Sistêmica
é mais que um conjunto de técnicas, é uma atitude e uma orientação voltada para
os alunos.
O gerenciamento é essencial. Ele
libera os professores para ensinar e os alunos para aprender. Eu estou pronta para
aprender e você?