O
currículo novo
por Heber
Soares
O que
podemos chamar de currículo novo? Ou melhor, o que é esse currículo novo?
Quando tratamos a Aprendizagem Sistêmica, ressaltamos a necessidade do
treinamento efetivo das habilidades sociais como exigência para o século XXI e
observamos essas habilidades dentro de um “currículo novo” a ser trabalhando
nas escolas.
Mas este
currículo não é tão novo assim. Os estudiosos o entendem como “currículo
oculto” e descrito desta maneira: “envolve, dominantemente, atitudes e valores
transmitidos, subliminarmente, pelas relações sociais e pelas rotinas do cotidiano
escolar” (MOREIRA, 2007).
Assim, ele
faz parte dos processos naturais que ocorrem na sala de aula e se desencadeiam
de forma mais ou menos implícita. Fazem parte deste currículo: rituais e
práticas, relações hierárquicas, modos de distribuir os alunos por agrupamentos
e turmas, regras e procedimentos, modos de organizar o espaço e o tempo na
escola.
O
currículo novo, portanto, é uma parte do ensino e aprendizagem que não é
oficialmente reconhecida pelo corpo docente da escola, nem mesmo pelo corpo
discente, mas que tem um impacto bastante significativo, já que geralmente é
determinado por valores, atitudes e condutas apropriadas.
Podemos
observar nas unidades escolares que o conteúdo que trabalhamos é o mesmo de décadas atrás e as novas tecnologias inseridas
nas escolas não apresentam a evolução na metodologia.
Nossos
alunos não chegam à sala de aula como páginas em branco; trazem consigo um
prévio conhecimento de mundo. Este prévio conhecimento faz parte de uma base
para o trabalho com o currículo novo.
Não
podemos entender que os alunos irão reagir ao currículo oculto de forma
idêntica a ser observada em todos. Os indivíduos são distintos e particulares,
com características próprias inerentes ao ser e ao meio que convivem. Sendo
assim, a nova escola deve reestruturar o currículo de forma que possa atender o
conteúdo acadêmico associado ao conteúdo de habilidades sociais necessárias ao
desenvolvimento do aluno do século XXI. Não formamos alunos para serem
eternamente alunos, mas formamos cidadãos, profissionais do futuro para
exercerem funções diversas.
Vygotsky,
relativo à Zona de Desenvolvimento Proximal, diz que “aquilo que a criança é
capaz de fazer com a ajuda de alguém hoje, ela conseguirá fazer sozinha amanhã”
e, norteando-nos por sua fala, podemos entender que não somente os conteúdos
acadêmicos desenvolvidos nas salas de aula são inerentes de prática subjetiva
futura, mas também as habilidades sociais e práticas de convívio trabalhadas no
currículo novo.
Ao tratar
do currículo oculto, Bautista-Vallejo. (S.D.E.) ressalta essa sua
característica essencial de estar implícito em nossas ações, observando que no
interior da sala de aula ocorrem coisas que dificilmente poderiam ser descritas
e que têm uma leitura complexa. Além disso, também acontecem outras que,
inclusive, escapam de nossas mãos, ouvidos, olhos, estratégias, etc. Assim, o
que muitas vezes, se torna evidente, e a duras penas, é que há uma série de
processos complexos que se iniciam na sala de aula e que determinam ou
determinarão condutas posteriores, perspectivas finais e pontos de vista ou
pautas de ação no ser educado.
Muitos
desses processos se desencadeiam na rua, na família, na turma de colegas, na própria
classe, através do professor e seriam de difícil leitura; poderíamos dizer
ainda que, imersos em uma naturalidade e espontaneidade, apresentam-se para
condicionar as condutas e as dinâmicas de uma forma subjacente.
SILVA
(2006) aponta que: “um aspecto fundamental quando se fala em organização do
currículo escolar é a forma como se avalia as aprendizagens que os alunos
efetivam durante seu desenvolvimento.” Com isso, estamos querendo dizer que
currículo e avaliação da aprendizagem escolar, são faces indissociáveis de uma
mesma moeda e que, portanto, ocorrem simultaneamente.

Os dois
meios de avaliação são necessários quando pensamos na indissociabilidade currículo-avaliação.
A primeira para identificarmos problemas do currículo, fornecendo pontos para a
melhoria do planejamento docente e escolar. A segunda, porque possibilita uma
intervenção imediata no processo de aprendizagem, permitindo que o currículo em
desenvolvimento se reconstrua ainda durante o processo e comprovando, assim,
sua natureza dinâmica e permanente no atendimento das necessidades dos alunos.
E é esta
segunda forma de avaliação que na Aprendizagem Sistêmica se utiliza das
estruturas – atividade realizada em sala de aula em duplas ou grupos de alunos,
como fonte de enriquecimento. Como sabemos, as estruturas trazem consigo o
trabalho e exercício efetivo das habilidades sociais, facilitando e muito o
trabalho do conteúdo acadêmico sem interromper o seu desenvolvimento para se
trabalhar as habilidades.

“A
juventude de hoje geralmente vem para a sala de aula mal preparada par ser um
bom colega de equipe. A Aprendizagem Sistêmica nos motiva a desenvolver
habilidades sociais que servem para a sala de aula e além.” KAGAN & KAGAN.
Bibliografia
KAGAN, Spencer & KAGAN, Miguel. Kagan
Cooperative Learning. San Clemente – CA, Kagan Publishing.
SILVA, Maria Beatriz Gomes da. Organização curricular da escola e avaliação da aprendizagem.
2006. Disponível em: http://www.pead.faced.ufrgs.br/sites/publico/eixo5/organizacao_escola/modulo2/texto_base.pdf,
acesso em 12/04/2012.
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